quarta-feira, dezembro 27, 2017

Porque acredito em Papai Noel


Papai Noel, o bom velhinho, Pai Natal, aqui em Portugal.
Eu acredito.
Acredito na bondade humana, acredito na felicidade que o ato de presentear proporciona não somente a quem recebe uma prenda, mas sobretudo a quem a oferece.
Acredito que os dons não materiais são os mais importantes, é claro. Mas nós vivemos em um mundo material, nossa alma está revestida de matéria, o tato é um dos cinco sentidos que integram a nossa existência. Não dá para simplesmente desprezar tudo o que é material.
As árvores nos ensinam a lição da abundância, da prosperidade, dando mais frutos do que somos capazes de consumir. E o ato de doar é sugerido simplesmente quando observamos uma laranjeira, toda carregada, como são tão comuns aqui no Algarve. A laranja daqui tem um sabor diferente.
Doação, presentes, abundância.
Quanto mais se doa, mais se equilibra o fluxo da abundância na nossa vida.
Portanto, o Papai Noel está certíssimo em distribuir presentes a todas as crianças do mundo.
Ao fazer isso, ele se multiplica pelos países afora, encontra eco nos representantes que possui ao redor do mundo,
Neste Natal, ouvimos os sinos do seu trenó, na casa onde fomos recebidos calorosamente para passar a meia noite e também no almoço de Natal do dia seguinte.
Fizemos o famoso amigo-ladrão, demos muitas risadas, comemos e bebemos até nos fartar.
Mas o momento mais mágico, sem dúvida alguma, foi quando soaram os sinos pendurados no trenó do Papai Noel.
Como não acreditar??
A raça humana precisa disso. Precisamos de presentes, de risos, de abraços e de nos sentirmos acolhidos.
O melhor presente? Sem dúvida nenhuma foi graças à tecnologia do WhatsApp, quando uma ligação de vídeo conseguiu reunir vovô e vovó aqui no Algarve, filho, nora e neta, no Brasil e filha no Líbano.
E quem me disser que Papai Noel não existe, me desculpe... Mas você está redondamente enganado!
Feliz 2018, ALLmigos!!!! (adorei a expressão aprendida com a Sandra Santin!)

sexta-feira, dezembro 15, 2017

Parabéns, Biba!


Ela me diz que sou desafinada. “Não sei como você pode cantar no coro, sendo tão desafinada. Mas é verdade!” Sagitariana, ela não se incomoda se a verdade dói. Às vezes a verdade dói. Ou às vezes não se tem apenas uma verdade e sim a verdade de cada um. Escorregadia é a verdade de uma geminiana, a mãe, eu. Ela chama de dupla personalidade. De bipolar. Prefere ficar com as amigas do que com os pais. Virou vegana e ama tatuagem e balada. Mas tem um coração enorme. Assistente social, quer mudar o mundo. Visionária, como boa sagitariana, está sempre com o arco e a flecha em posição de atirar. E está sempre com a mala pronta. Mas não quer ir para os países comuns. Este Natal e a passagem de ano ela estará no Líbano. Líbano? Cê tá doida? Descabelam-se os pais. Mas não adianta nada. A passagem já está comprada, ela vai com a amiga que conhece dois rapazes de lá. E haja coração. Haja compreensão para entender as diferenças, para entender que ela não é mais aquela menininha loirinha de cabelos cacheados que “não tinha sobrancelha” de tão branquinha que era. Independente, desde bebê. Agora, ela chega ao quarto de século. Um marco. Não precisa mais da gente, mas só até a página 2. Já tem o quarto dela aqui no Algarve. E por mais que tenha bancado algumas das despesas desta viagem, reclama que está sem nenhuma calça jeans ou que precisa de um isso ou aquilo novo. Esta é a nossa garotinha. A Marjorie? Ãhn? Mar-jo-rie. Ah, tá. Mas pode chamar de Biba que ela gosta, foi o apelido escolhido pelo irmão.

Se eu não tiver feito nada de útil nesta minha vida, coloquei, com a participação do Guilherme,  uma pessoa bacana no Planeta Terra. E me dou por satisfeita. Quero que ela seja escandalosamente feliz. E que encontre um trabalho que valorize a sua vocação. Que escolha os caminhos mais retos, sem atalhos, e que viva cada dia da sua vida de forma plena. Ela sabe que, qualquer coisa, eu e o papai estamos sempre pertinho. Nem que seja em outro país.


Parabéns, minha filhota, minha bebê, minha amada. Feliz aniversário! Curta o seu dia, seu novo ano pessoal, sua nova fase da vida, suas conquistas, suas viagens. Levante voo, alcance seus objetivos. Trace a sua vida com responsabilidade, pois o destino não nos oferece borracha. Desenhe o seu futuro e, quando chegar lá, lembre-se sempre de nós, que te amamos mais do que qualquer amigo ou amiga que você poderá ter. Nosso amor é incondicional. Não depende de nada que você faça ou diga. Porque se dependesse.... rsrsrs 

quinta-feira, dezembro 14, 2017

Querida, vamos ver a chuva de meteoros?


Ontem à noite, vi minha primeira chuva de meteoros da vida. E olha que tô beirando os 60! Foi uma emoção absolutamente fantástica. Cometas e mais cometas riscando o céu. Não tô nem aí para o nome científico, Cometas? Estrelas cadentes? Meteoros? Deixo a questão para os cientistas resolverem. Para mim, eram os cometas que eu aprendi a desenhar quando estava na escola primária, mas nunca imaginei como eles eram de verdade. Sou da geração que esperou (e não viu) o cometa Halley, em 86. Quando vi o primeiro, ontem, não me contive e comecei a pular (literalmente) de alegria. Os demais me arrancaram gritinhos de felicidade. Eu me senti com uns 5 anos de idade, por aí.

Fui teletransportada para as noites de verão no sítio do tio Mingo, em Ribeirão Preto, quando meu pai e eu nos sentávamos em um banco no jardim, bem longe do pessoal que via novelas, e ficávamos conversando sobre a vastidão do Universo, sobre ETs e discos voadores.

Ontem à noite, com a Solange, minha mais nova "amiga de infância", que conhecemos aqui em Portimão, o meu marido e companheiro de todas as aventuras, e mais uns amigos da Solange do Rio de Janeiro que tiritavam de frio, fomos à praia do Alvor e viramos as cabeças para o alto, a observar a constelação das Três Marias (a única que consigo identificar) e a tentar adivinhar onde estava a constelação de Gêmeos, referência o espetáculo. Não demorou muito, a primeira estrela cadente desfilou diante dos nossos olhos. E mais uma, e mais uma.... Me disseram que para fazer o tal do pedido, a gente não podia dizer nada quando visse a estrela cadente. Mas eu não me contive. Cada uma que riscava o céu ganhava um oh!! de admiração e encanto.

Não fui a este estupendo programa noturno despreparada, não! Li algumas matérias na Internet e, principalmente, o texto do jornalista especializado em Ciências, Ulisses Capozzoli. Ele consegue unir poesia, literatura, religião de ciência com seu talento primoroso. Olha só esse trecho:

"Eça de Queirós (1845-1900), com o pessimismo que caracteriza escritores portugueses, disse que “não há nada de novo sob o sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males. Quanto mais se sabe, mais se pena. E o justo, como o perverso, nascidos do pó, ao pó retornam”. Atualíssimo, mas talvez amargurado demais. As coisas todas, ainda que não tenhamos atenção para isso, são, cada uma delas, originais. Cada ocorrência se dá num contexto único em termos cósmicos e essa é uma das belezas da ciência, em relação à religião, para descrever o mundo. Na descrição religiosa, Deus descansou no Sétimo Dia. É um deus cansado e limitado. Na versão da ciência, há um deus, se quiserem pensar assim, original a cada instante do tempo. Inventivo como só um deus poderia ser. A ortodoxia e o obscurantismo nos levam na direção do primeiro. Agora, mais que nunca. Mas, o promissor, é o segundo."

Ontem à noite, foi um evento absolutamente original na minha vida. A previsão era de dois a quase três meteoros por minuto. Não vi tantos assim, mesmo porque minha visão não é e nunca foi das melhores. Mas até eu, meio ceguinha que sou, pude apreciar esse que foi um dos mais belos espetáculos da Natureza que já vivenciei até hoje.

Muitos podem pensar que estou a exagerar. Mas acontece que sou uma pessoa que nasceu e sempre morou em São Paulo, aquela Selva de Pedra. Lá, a gente nem liga para que lado o vento está a soprar ou para o caminho que o sol faz pelo céu. No máximo, a gente admira os arco-íris, pois é impossível se manter indiferente àquelas luzes coloridas no céu, quando chove e faz sol simultaneamente.

Para mim, foi um espetáculo. E eu nem tinha tantos pedidos assim a fazer. Se o canal de comunicação com o Divino estava mesmo aberto, eu aproveitei para agradecer. Por tudo de mais maravilhoso que a Vida está a me proporcionar desde que resolvemos seguir os nossos corações e mudar completamente o rumo das nossas vidas. Gratidão! Aos astros, a Deus, ao Universo.


quarta-feira, dezembro 06, 2017

Nossos amigos portimonenses


Quando chegamos aqui a Portugal, com exceção do nosso "sobrinho" Ricardo, que foi nosso anjo da guarda nessa jornada além-mar, não fizemos tantos amigos portugueses, e muito menos portimonenses. Mas isso mudou! Graças ao meu querido marido extrovertido, travamos conhecimento com o sr. Fernando, tradicional alfaiate aqui da cidade de Portimão. A alfaiataria dele dá gosto de se ver. Um capricho sem igual. Chamou-nos a atenção a vitrine (que aqui se chama montra) toda bem montada e organizada. Entramos para bater um papo, sem compromisso, e fomos tão bem recebidos, que até nos comovemos. O sr. Fernando fez questão de nos contar que fez um colete para o príncipe da Inglaterra, além de trajes elegantes para outras pessoas, artistas de circo e contou-nos que ficou muito amigo de vários clientes. Mostrou-nos croquis e recortes de jornal.

Hoje em dia, ele trabalha porque não sabe fazer outra coisa. "Se eu parar de trabalhar, eu morro", costumava dizer à mulher, já falecida. Mas se algum amigo o convida para um café, a plaquinha “volto já” entra em ação e ele sai para tomar o café, sem culpa alguma. Teve que começar a aprender a cozinhar, depois que a esposa morreu. E tem se virado muito bem, sim senhor. O filho mais novo até leva marmitas, quando vem visitar o pai. O mais velho dirige o maior hospital de Lisboa. Com que orgulho ele fala dos seus filhos! Coisa bonita de se ver.


Essa conversa toda foi em uma sexta-feira. Como não soubéssemos o que são figos torrados, ele se prontificou a nos levar alguns na segunda-feira seguinte para experimentarmos. E lá fomos nós. Que surpresa mais agradável! O sr. Fernando não só tinha levado os figuinhos, como ainda levou cálices especiais para provarmos o medronho de Monchique, "o verdadeiro", que também nos serviu, para nosso deleite. Levou ainda queijo de figo, um saboroso doce típico português, feito com figo prensado. Iguarias saboreadas com muita prosa, porque o sr. Fernando é muito bom de prosa. Conversa vai, conversa vem, ele nos apresentou o amigo Florindo.

O sr. Florindo tem uma história muito bacana também. Trabalhou anos e anos na companhia telefônica e passou a colecionar aparelhos telefônicos que são um verdadeiro tesouro, guardado a sete chaves em sua casa, onde nos levou e nos apresentou à sua esposa, dona Ludovina. Sua coleção de aparelhos telefônicos tem exemplares raríssimos, que mereciam constar na coleção de algum museu dedicado ao tema, aqui em Portimão.

Também tivemos o grande privilégio de conhecer a casa do sr. Fernando, tão bem arrumada e linda quanto a sua alfaiataria.


Depois, tentamos retribuir tanta gentileza com o convite para um almoço domingueiro aqui em casa. Os três vieram, elegantíssimos, me deram presentes e nos contaram anedotas. O sr. Fernando me presenteou com flores vermelhas, o símbolo do Natal. E o sr. Florindo levou um vinho de 1999, uma relíquia, daquelas que se guarda para uma ocasião especial. E como estávamos a viver uma ocasião mais do que especial, abrimos o vinho e o servimos aos nossos convidados. O sr. Florindo levou também dois daqueles deliciosos queijos de figo, que havíamos provado e até declamou alguns poemas. 

Nosso cardápio foi composto por uma massa, servida com molho branco e molho vermelho, ao gosto do freguês, e de sobremesa um doce de abóbora feito com cravo e cabela,e uma goiabada brasileira. Acho que eles gostaram!

Estamos muito felizes com a nossa nova amizade e esperamos que ela se prolongue por muitos e muitos anos. A vida é feita de doces momentos como esses, que, com a idade e a distância de casa, aprendemos a valorizar cada vez mais.