sexta-feira, agosto 18, 2006

Glória

A minha querida amiga e colega de trabalho Fabi mantém um fotolog muito legal. De vez em quando ela muda o cor do fundo e atualiza sempre. Mas o mais legal, na minha opinião, são os textos. Um deles, em especial, eu adoro.
E acho que ela deveria escrever mais histórias para a Glória.
E volta e meia eu volto lá e fico "folheando" o fotolog dela pra achar de novo essa história.

Sexta, fim da tarde. Toca o telefone. É meu marido.

- Onde tá a Biba?
- Como assim? Tá na Cultura. Ela ligou pedindo p/ ir ao shopping mas eu não deixei.
- Ela não tá aqui. Isso é uma sacanagem, mimimi, mimimi....
- Então, tá. Vou ligar para a mãe da Bruna (porque a Bruna iria ao shopping também).
Ligo na casa da menina:
- pipipi - telefone fora de serviço temporariamente.
Ligo no celular da mãe:
- Favor ligar para meu outro celular...
Ligo.
- Oi, Cláudia, aqui é a mãe da Marjorie, etc, etc...
- Oi, é a Bruna...
- Oi, Bruna, então, vcs tinham combinado de ir ao shopping, mimimi, mimimi...
- Mas eu não tô na Cultura...
- Ah, tá, tudo bem. Obrigada.
Ligo pro Guilherme.
- Alô. (A Biba atende....)
- Onde cê tava?
- No banheiro...

Ai, ai. Mãe sofre, viu?

Agora, dá uma espiadinha no conto da Fabi e vê se eu não tinha mesmo que me identificar com a Glória.

"E quando Glória acordou já era tarde. Estava atrasada e ainda tinha que levar os filhos na escola, deixar o bilhete para a empregada com as devidas recomendações, preparar a merenda das crianças, esquentar o leite, colocar a mesa do café. Já eram quase 8 quando os olhos abriram involuntariamente de um sonho que a paralisara na profundidade de seu pensamentos de sono. O mundo desabava numa só pessoa. As pessoas faziam fila na porta de sua casa com listas enormes de problemas que queriam resolver, coisas que somente Glória poderia fazer. Com a multidão do lado de fora, ela se desesperara e dizia bem alto ao marido.
- Eles estão enganados. Eu não posso. Eu não sei resolver nada, não consigo. Eu nem os conheço.

O marido não falava absolutamente nada, apenas balançava a cabeça num aceno negativo. Abriu um pedaço da cortina e a rua em frente a seu jardim parecia cada vez mais cheia. Ela tinha medo e não tinha coragem de abrir nem uma fresta da janela pois não conseguia imaginar a reação das pessoas que esperavam ao saberem que a glória estava apenas no seu nome. Respirou fundo. Quebraram-lhe o vidro da janela com uma pedra. Isso já era demais. Num impulso contínuo foi até a porta e abriu-a com agressividade.

- O que é vocês querem?
- Queremos que você resolva, respondeu uma senhora com os cabelos brancos e um coque.
- Quem é o primeiro da fila? - disse ela, de forma firme e irritada.
- Sou eu, respondeu a mesma senhora. Tenho forte dor nas costas e nas pernas. Não sei o que fazer.
- Aqui está, procure o Doutor Macedo neste endereço.
- Ah, obrigada. Não sabia que isso existia.
- Próximo! - interrompeu-a
- Me sinto gorda
- Vá caminhar. Tem um parque bonito a três quarteirões daqui.
- Preciso de dinheiro.
- Aqui estão os classificados. Qual é sua formação? Procure uma vaga de emprego.

Uma a uma as pessoas foram partindo e ela conseguiu indicar o caminho da resolução para quase todos. Para alguns porém, ela dizia:

- Desculpe, não tenho a solução para isso.

E então ela acordou sedenta e tinha ainda muito o que resolver. Pensou que não podia, mas levantou-se vestiu-se com um vestido florido azul piscina e acordou as crianças".

Brilhante, Fabi.
Por favor, continue a escrever mais histórias com a Glória que vou ali comprar meu vestido florido azul piscina e já volto.

BOM FIM DE SEMANA!!!!!

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